terça-feira, 28 de junho de 2011

Miscigenação



Quando falamos em miscigenação logo nos vem á cabeça a idéia de misturas de raças, de cores, beleza e transformação.

O povo brasileiro é um dos povos mais miscigenados do mundo. É só andar por aí para perceber á variedade de tons e características das pessoas. É um povo composto na maior parte por mestiços. 

Primeiramente, temos as inúmeras tribos indígenas espalhadas pelo território. Depois chegaram os portugueses, trazendo consigo os negros africanos como escravos. Tinha também o intenso intercâmbio dos nossos vizinhos bolívianos, paraguaios, enfim, todos os fronteiriços latino-americanos. Não podemos esquecer que durante as guerras muitos povos europeus vieram refugiar-se aqui contribuindo ainda mais com a diversificação.

É uma mistura que gera inveja em muitos povos, tanto pela beleza, quanto pela herança cultural.
Mas será que essa miscigenação, que a princípio soa como algo tão benéfico, é realmente assim tão boa?

Em verdade, não é bem assim. Um grande e desgovernado elemento negativo surge com á misturas das raças e principalmente, com a mistura das crenças.

A bíblia aborda esse tema e mostra quais os principais problemas e impactos que a mistura entre povos pode acarretar em uma sociedade.

Observe a passagem abaixo encontrada no livro de 1 Samuel:

“...vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos que mamam, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos". (I Samuel 15:2 e 3)

As palavras citadas acima foram ditas pelo Senhor ao seu servo Samuel, que deveria instruir o rei Saul em uma incursão contra os amalequitas. Veja bem que foi o próprio Deus que ordenou a invasão e extermínio do povo amalequita.

Parece estranho acreditar que o Deus de amor que cremos ordenou essa matança, mas quando procuramos entender todo o contexto dessa passagem, percebemos que não se trata de uma ordem de genocídio, muito menos de racismo e intolerância, trata-se na verdade da execução e manutenção da justiça divina. 

Justiça? O que assassinato em massa tem haver com justiça?

Antes de entrarmos no contexto da mensagem, peço á atenção para três pontos:

Primeiro, todo aquele que se separa de Deus perde a vida, porque a vida está em Deus, podemos chamar isso de morte espiritual, foi o que aconteceu com Adão depois da queda. Segundo, mesmo morto espiritualmente o homem continua a viver a “vida física” por um determinado período de tempo até completar o seu propósito. Terceiro, um homem morto espiritualmente “vive” sua vida a praticar a morte através do pecado e da depravação moral. Entrega-se ao descontrolado instinto humano e passa á viver de maneira, onde as vontades do corpo dominam o apensar e proceder e por fim esse homem torna-se corrupto. Consequentemente, gera filhos corruptos, pois a tendência é que esses sigam os caminhos de seu pai e, inevitavelmente, surge uma sociedade corrupta.

Quando Jesus disse ao homem “deixe que os mortos enterrem seus mortos” foi isso que ele quis dizer. Deus não considera vivo aqueles que estão mortos em pecados e delitos.

    A moribunda vida morta, dos mortos. 


Para uma correta interpretação da passagem de 1 Samuel,  e de toda a bíblia, precisamos sempre ter em mente que o personagem principal, e muitas das vezes interlocutor é Deus, e que nesse caso, trata-se do ser mais perfeito que existe, (onipotente, onisciente e onipresente), características essas que não toleram erros, falhas ou enganos. Sendo assim, a ordem de exterminar aquele povo, por mais estranha que pareça, era a decisão correta. 

Vamos á miscigenação do povo amalequita. Eles descendem de Esaú filho de Isaque, um dos patriarcas. Contrariando a ordem de Deus e de seus pais casou-se com mulheres de um povo rebelde, os cananeus. Teve muitos filhos com elas e na 3 geração dessa dinastia surge Amaleque, filho do primogênito de Esaú, Elifaz, com sua concubina Timna. (Gên 36:12, 16). Amaleque, neto de Esaú, era um dos príncipes de Edom. (Gên 36:15, 16). 

Assim como Esaú, seus filhos eram rebeldes as leis do Senhor e viviam desregradamente, e assim foi com seus netos, bisnetos e possivelmente com todos os descendentes até os dias de hoje.  A terra de Canaã era composta por diversos  povos iníquos, dentre eles os amalequitas.

O povo Cananeu era um povo incosequente, sem valores morais, um povo sem rumo, sem Deus era lógico, não tinham vida, então tentaram encontrar sentido em suas existências experimentando de tudo. Nada os satisfaziam. O povo vivia louco e insatisfeito. Homens deitavam-se com homens; mulheres com mulheres; pais com filhos; homens com animais. Não havia mais o que inventar. Os cananeus não sabiam para onde ir, não tinham paz, não eram felizes porque uma vida sem Deus não pode ter sentido. Eram verdadeiros mortos vivos.

Essa miscigenação ocorrida na família de Abraão causou uma cisão na casa, afastando definitivamente uma parte deles de Deus.

Quando Deus ordena a matança desse povo, sabia que se tratava de um povo que há muito tempo estava morto mas que ainda caminhava pela Terra. Um povo de dura cervis que nunca se arrependeria dos seus pecados, não pela falta de misericórdia de Deus, mas sim pelo endurecimento de seu coração. De fato eles não se arrependeriam de seus pecados e o único que pode saber isso era Deus.

Deixá-los viver era como permitir que um câncer continuasse a agir. Imagine um homem com uma gangrena em estágio avançado na perna, a infecção não pode ser revertida e a única chance de viver é amputando a perna. Por pior que fosse esse era a única saída.

Um braço do primeiros habitantes da Terra precisava ser amputado.


A morte infelizmente é uma realidade para o homem, tanto os vivos quanto os “mortos-vivos”, todos chegarão nesse ponto. É tudo questão de tempo. Havia chegado o tempo daquele povo.
O Senhor Jesus Cristo define o tempo de cada um. Somente Ele.

Mas e sobre as crianças? É licito assassina crianças? A morte de soldados e guerreiros ainda é compreensível, mas as crianças! 

Isso foi apenas mais uma prova da bondade de Deus que, sabendo que essas crianças inevitavelmente seguiriam os caminhos de seus pais, impediu que eles seguissem nesse caminho. Um filho herda semelhanças genéticas, intelectuais e espirituais e a probabilidade é que sigam os exemplos de seus pais.

Sabemos que se uma criança morre em estado de inocência ela é salva automaticamente. As crianças não foram mortas, foram colhidas para uma redenção que naturalmente, infelizmente, não atingiriam. 

A ordem de Deus aos israelitas era clara e direta: Ao entrar na terra prometida eles deveriam matar todos os povos que encontrassem (homens, mulheres, velhos e crianças) pois o destino dessas pessoas já haviam sido traçados, não por Deus, mas pelas escolhas que inevitavelmente fariam de suas vidas. 

Deus os advertiu que não eram para casarem-se com as mulheres cananéias, pois elas os incentivariam a adorar outros deuses e cometer as imoralidades que estavam acostumadas.
Por motivos de sobrevivência humana, era necessário impedir a miscigenação entre esses povos. Isso não foi uma escolha do homem.

No princípio existia apenas uma família. Uma raça. Um povo. Adão e Eva e seus filhos, eles eram a raça humana. Mas á medida que iam crescendo e se multiplicando os princípio se perdiam. As boas tradições, gradativamente eram abandonadas.

O respeito cedeu lugar ao medo, o amor perdeu espaço para o interesse. Os homens começaram a questionar os seus pais, e escolhiam suas próprias regras.

O grupo dos rebeldes começou multiplicou-se em uma proporção maior do que a do primeiro, formando assim um novo povo. Com suas próprias leis e crenças.

A língua, cultura, o modo de viver, se vestir, desde que não inflijam as leis soberanas de Deus, não são negativas e não se constituem pecado.

As diferenças fazem parte da vida dos homens, afinal de contas Deus criou 2 seres, quase que, completamente diferentes um do outro, o homem e a mulher, e o resultado dessa união originariam seres infinitamente diferentes. Então podemos concluir que a mistura era inevitável e naturalmente inerente aos homens.

O surgimento das novas línguas na torre de Babel e o conseqüente êxodo dessas pessoas para as diferentes partes do mundo é uma prova cabal que a miscigenação não teve bons resultados na vida dos povos antigos, e que o pecado só afastou os homens de Deus.
Todos os homens se originaram de Adão e Eva, logo eram todos irmãos, uma só família. Foi assim que Deus os fez e era assim que deveriam ficar.

A miscigenação é uma das maiores provas dos erros nas caminhada dos homens, sejam eles vistos na história dos patriarcas (Abraão, Isaque e etc), seja no evento da torre de babel ou na conquista da terra prometida.   

Isso pode soar estranho para alguns, mas sei que Ele só quis proteger o seu povo, quis proteger as gerações futuras como eu e você e por mais duro que tenha sido, era assim que tinha que ser.
Deus ama todos os seres humanos, independente da raça ou credo. Ama os judeus da mesma forma que o gregos ou africanos. O problema está nas decisões que são tomadas por cada povo, ou pessoa no singular.

Ah, eu também sou fruto de miscigenação. Sou negro descendente da mistura dos índios brasileiros com os negros africanos. Minha bisavó era índia.
Acredito no Deus Eterno. O Deus de Israel.
Pai do Senhor Jesus Cristo.

 “E CHEGARÁ O DIA EM QUE TODOS OS POVOS DA TERRA SE AJOELHARÃO E ADORARÃO AQUELE QUE É PERFEITO E QUE REINA PARA TODO O SEMPRE...”

                                                           
                                                        
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Pela misericórdia do Senhor, escrito por Fabiano Alves.



                                                                              


O homem e o mundo

Com dez frases Deus criou o mundo, embora uma única frase tivesse bastado. Deus queria deixar claro quão severa será a punição aplicada sobre os perversos, que destróem o mundo criado através de até dez frases, e quão agradável a recompensa destinada aos justos, que preservam o mundo através de até dez frases.
O mundo foi feito para o homem, embora tenha sido a última de suas criaturas a chegar. Isso foi proposital, porque o homem deveria encontrar todas as coisas prontas para si. Deus foi o anfitrião que preparou pratos finos, pôs a mesa e em seguida conduziu o convidado ao seu lugar. Ao mesmo tempo, a aparição tardia do homem sobre a terra deve ser vista como uma admoestação à humildade. Que o homem se guarde do orgulho, para não ter de ouvir a provocação de que o pernilongo é mais velho do que ele.
A superioridade do homem sobre as outras criaturas fica evidente no próprio modo da sua criação, completamente diferente do delas. Ele foi o único criado pela mão de Deus: o restante surgiu da palavra de Deus. O corpo do homem é um microcosmo, um mundo completo em miniatura, e o mundo, por sua vez, é um reflexo do homem. O cabelo da cabeça corresponde às florestas da terra, suas lágrimas ao mar, sua boca ao oceano. O mundo, além disso, é semelhante à órbita do olho do homem: o oceano que engloba a terra é como o branco do olho, a terra seca é a íris, Jerusalém a pupila e o Templo a imagem refletida na pupila.

“Por causa de Israel, criarei o mundo”. 

Porém o homem é mais do que mera imagem do mundo. Ele alia em si mesmo qualidades do céu e da terra. De quatro ele faz lembrar os anjos, de quatro faz lembrar os animais. Sua capacidade de se expressar, seu intelecto judicioso, sua postura ereta, o fulgor do seu olhar – tudo isso faz dele um anjo. Por outro lado ele come e bebe, expele dejetos do corpo, reproduz-se e morre, como as feras do campo. Foi por isso que Deus disse antes da criação do homem:

– Os seres celestiais não se reproduzem, mas são imortais; os seres da terra se reproduzem, mas morrem. Criarei o homem a fim de unir os dois, de modo a que quando ele pecar, quando comportar-se como animal, a morte o acometerá; mas se abster-se de pecar, viverá para sempre.

Deus convocou todos os seres do céu e da terra para contribuírem na criação do homem, e ele mesmo tomou parte nela. Por essa razão todos esses amam o homem, e se ele viesse a pecar mostrar-se-iam interessados na sua preservação.

O mundo inteiro, naturalmente, foi criado para o homem piedoso, temente a Deus, que Israel produz com a oportuna condução da lei de Deus revelada a ela. Portanto Israel é que foi levado em consideração quando o homem foi feito. Todas as outras criaturas foram instruídas a alterarem sua natureza se em algum momento do curso da história Israel precisasse de ajuda. Ao mar foi ordenado que se dividisse diante de Moisés, e ao céu que desse ouvidos às palavras do líder; o sol e a lua foram instados a pararem sob o comando de Josué, os corvos a alimentarem Elias, o fogo a poupar os três jovens na fornalha, o leão a não causar dano a Daniel, o peixe a cuspir Jonas e o céu a abrir-se para Ezequiel.

Em sua humildade, Deus consultou os anjos, antes da criação do mundo, a respeito de sua intenção de criar o homem. Ele disse:

– Por causa de Israel, criarei o mundo. Farei divisão entre luz e trevas, da mesma forma que no futuro farei por Israel no Egito: densas trevas cobrirão a terra, e os filhos de Israel terão luz em suas habitações; farei separação entre as águas abaixo do firmamento e as águas acima do firmamento, da mesma forma que farei por Israel: dividirei as águas para ele na travessia do Mar Vermelho; no terceiro dia criarei as plantas, e farei da mesma forma por Israel: produzirei para ele o maná no deserto; criarei os grandes luminares para dividirem o dia e a noite, e farei o mesmo por Israel: irei diante dele como uma coluna de nuvem durante o dia e como uma coluna de fogo durante a noite; criarei as aves do céu e os peixes do mar, e farei o mesmo por Israel: trarei para ele codornizes do mar; da mesma forma que soprarei o fôlego da vida nas narinas do homem, farei por Israel: darei a ele a Torá, a árvore da vida.

Toda a criação foi condicional.

Os anjos maravilharam-se de que tanto amor fosse dispensado ao povo de Israel, e Deus disse a eles:
– No primeiro dia da criação farei o céu e o estenderei; da mesma forma Israel erguerá o Tabernáculo como habitação da minha glória. No segundo dia estabelecerei uma divisão entre as águas da terra e as águas do céu; da mesma forma Israel pendurará no Tabernáculo um véu para separar o lugar Santo do Santo dos Santos. No terceiro dia farei com que a terra produza ervas e vegetação; da mesma forma Israel, em obediência aos meus mandamentos, comerá ervas na primeira noite da Páscoa, e preparará para mim os pães da proposição. No quarto dia farei os luminares; da mesma forma Israel fará para mim o candelabro de ouro. No quinto dia criarei os pássaros; da mesma forma ele moldará [sobre a Arca] os querubins de asas estendidas. No sexto dia criarei o homem; da mesma forma Israel separará um homem dos filhos de Arão para sumo-sacerdote a meu serviço.
Conseqüentemente, toda a criação foi condicional. Deus disse às coisas que fez nos seis primeiros dias:
– Se Israel aceitar a Torá, vocês permanecerão e se perpetuarão; de outro modo farei com que tudo retorne ao caos.

O mundo inteiro viveu portanto em suspense e temor até o dia da revelação do Sinai, quando Israel recebeu e aceitou a Torá, cumprindo assim a condição estabelecida por Deus no momento em que criara o universo.

Submetido à sua avaliação por   Paulo Brabo

Lendas dos Judeus é uma compilação de lendas judaicas recolhidas das fontes originais do midrash (particularmente o Talmude) pelo talmudista lituano Louis Ginzberg (1873-1953). Lendas foi publicado em 6 volumes (sendo dois volumes de notas) entre 1909 e 1928.
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                                     Retirada do site A BACIA DAS ALMAS
                                                                              




Todas as coisas louvam ao Senhor
 “Tudo que Deus criou tem valor.” Até mesmo os animais e insetos que parecem à primeira vista inúteis e nocivos tem uma vocação a cumprir. A lesma, que deixa atrás de si uma trilha pegajosa, consumindo dessa forma a sua vitalidade, serve de remédio para o furúnculo. A picada do marimbondo é curada aplicando-se à ferida uma mosca doméstica esmagada. O mosquito, débil criatura, que capta alimento mas jamais o secreta, é específico contra o veneno da víbora, e esse réptil venenoso cura por sua vez erupções, enquanto que o lagarto é o antídoto ao escorpião.
Não apenas todas as criaturas servem o homem e contribuem para o seu conforto, mas Deus também “ensina-nos através dos animais da terra, e concede-nos sabedoria através das aves do céu”. Ele concedeu a diversos animais admiráveis qualidades morais como padrão para o homem. Se a Torá não nos tivesse sido revelada poderíamos ter aprendido o cuidado para com as decências da vida com o gato, que cobre seu excremento com terra; o respeito à propriedade com as formigas, que jamais avançam sobre as reservas umas das outras; e o cuidado para com uma conduta decorosa com o galo, que quando deseja unir-se à galinha promete comprar para ela um manto longo o bastante para chegar até o chão, e quando a galinha lembra-o da promessa ele sacode sua crista e diz: “que a minha crista seja tirada de mim se eu não comprá-lo assim que tiver condições”.
O gafanhoto também tem uma lição a ensinar ao homem. Ele canta durante todo o verão, até que seu ventre se rompe e a morte o leva para si. Embora não desconheça o destino que o espera, ele permanece cantando. Da mesma forma o homem deve cumprir seu dever para com Deus, não importando as conseqüências. A cegonha deve ser adotada como modelo em dois sentidos. Ela guarda zelosamente a pureza de sua vida familiar, e para com seus semelhantes é compassiva e misericordiosa. Mesmo o sapo tem o que ensinar ao homem. Junto à água vive uma espécie de animal que subsiste apenas de criaturas aquáticas. Quando percebe que um desses está com fome o sapo vai até ele espontaneamente e oferece-se como comida, cumprindo dessa forma a prescrição: “se teu inimigo tem fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.
“Se teu inimigo tem fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.
Toda a criação foi chamada à existência por Deus para sua glória, e cada criatura tem seu próprio hino de louvor através do qual exalta o criador. O céu e a terra, o paraíso e o inferno, o deserto e os prados, rios e mares – todos têm seu modo próprio de prestar homenagem a Deus. O hino de louvor da terra é: “dos confins da terra ouvimos cantar: glória ao Justo!”. O mar exclama: “o SENHOR nas alturas é mais poderoso do que o bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar”.
Também os corpos celestes e os elementos proclamam o louvor de seu criador: o sol, a lua, as estrelas, as nuvens e os ventos, o relâmpago e o orvalho. O sol diz: “o sol e a lua param nas suas moradas, ao resplandecer a luz das tuas flechas sibilantes, ao fulgor do relâmpago da tua lança”; e as estrelas cantam: “só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora”. 

Cada planta, além disso, tem uma canção de louvor. A árvore frutífera canta: “então cantarão de alegria todas as árvores do bosque, na presença do Senhor, pois ele vem; pois vem julgar a terra”; e as espigas do campo cantam: “os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam”.
Notável entre os que cantam louvores são os pássaros, e dentre eles o maior é o galo. Quando Deus visita à meia-noite os piedosos no Paraíso, as árvores dali irrompem em adoração, e suas canções acordam o galo, que começa por sua vez a dar louvor. Por sete vezes ele canta, e cada uma das vezes recita um verso. O primeiro verso é: “levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas”. O segundo verso: “levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória”. O terceiro: “levantai-vos, vós justos, e ocupai-vos da Torá, para que seja grande a vossa recompensa no mundo vindouro”. O quarto: “tenho aguardado pela tua salvação, ó Senhor!” O quinto: “ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?” O sexto: “não ames o sono, para que não empobreças; abre os olhos e te fartarás do teu próprio pão”. E o sétimo verso cantado pelo galo diz: “já é tempo de trabalhar para o SENHOR, pois a tua lei está sendo violada”.
A canção do abutre é: “eu lhes assobiarei e os ajuntarei, porque os tenho remido; multiplicar-se-ão como antes se tinham multiplicado” – o mesmo verso com o qual o pássaro anunciará, no devido tempo, o advento do Messias. A única diferença será que quando anunciar o Messias ele cantará esse verso pousado no chão, sendo que ele o canta sempre sentado em outro lugar.
Tampouco os outros animais louvam menos do que os pássaros. Mesmo as feras predadoras entoam adoração. O leão diz: “o Senhor sairá como valente, despertará o seu zelo como homem de guerra; clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará sua força contra os seus inimigos”. E a raposa exorta à justiça com as seguintes palavras: “ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário”.
Sim, os peixes mudos do mar sabem proclamar o louvor de seu Senhor. “Ouve-se a voz do SENHOR sobre as águas,” dizem eles, “troveja o Deus da glória; o Senhor está sobre as muitas águas”, enquanto o sapo exclama: “bendito seja o nome da glória do seu reino, para todo o sempre”. Desprezíveis como são, mesmo os animais rastejantes dão louvor a seu criador. O camundongo exalta a Deus com as seguintes palavras: “porque tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, e nós, perversamente”. E o gato canta: “todo ser que respira louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!”

                        Devidamente refutado por   Paulo Brabo

Lendas dos Judeus é uma compilação de lendas judaicas recolhidas das fontes originais do midrash (particularmente o Talmude) pelo talmudista lituano Louis Ginzberg (1873-1953). Lendas foi publicado em 6 volumes (sendo dois volumes de notas) entre 1909 e 1928.
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                       Retirada do site A BACIA DAS ALMAS